domingo, 19 de dezembro de 2010

Prosopopéia

Prosopopéia

A nossa primeira obra literária, que foi a obra que propagou o estilo barroco no Brasil e é, também, a primeira obra literária que aconteceu entre nós, sendo, por isto, um marco da nossa literatura. É poema épico, laudatório a Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, publicado em 1601, por Bento Teixeira Pinto, em versos decassílabos, dispostos em oitava rima. Algumas descrições da natureza como "Descrição do Recife de Pernambuco" e "Olinda Celebrada".
Além de sua importância cronológica, Prosopopéia é uma obra encomiástica, em homenagem com louvação ao donatário da capitania de Pernambuco na época. Ela exalta o herói estóico cristão, realçando valores como o heroísmo, a estirpe, o poder, a glória, a honra, a riqueza, o saber e as virtudes. Inspira-se na terra e tem um caráter eminentemente social e individual. Criação diretamente estruturada pela realidade, permite a realização, num plano imaginário, de uma coerência jamais atingida pelo autor, cripto-judeu, no plano real. A obra é atribuída ao donatário quando fora herói do naufrágio de 1565.
A sua importância está no fato de ser a poesia inaugural do nativismo grandiloqüente do Brasil. Ela elogia a administração do donatário, o qual realmente prosperou, devido ao investimento no plantio de cana-de-açúcar. Mesmo sendo tão português e repleto de mitologia greco-romana, parte do assunto é brasileiro, pois há a "Descrição do Recife de Pernambuco", inclusive explicando o nome indígena da Capitania; a contemplação de "Olinda florescente" e de "Olinda celebrada", por Duarte Coelho, seu fundador, além, é claro, dos próprios feitos do homenageado.
O poema foi escrito em Olinda, quando o autor esteve entre 1584 e 1587. Constitui a primeira expressão da literatura no Brasil, sendo visto como a primeira manifestação do nosso nativismo literário.
Prosopopéia fora publicado um ano após a morte de Bento Teixeira. Literariamente modesta, mas historicamente significativa, Prosopopéia não deixa de ser válida do ponto de vista euro-tropical. Ela se inclui entre aquelas primeiras letras em língua portuguesa tocadas pela atração que paisagens exóticas e gentes primitivas, habitantes de espaços tropicais, exerceram sobre europeus.

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